Segunda-feira, 2 de Abril de 2012
Numa noite.

Lembro-me das horas gastas em frente do espelho. Ora pela procura do vestido preto revelador das minhas curvas e das sandálias mais altas que haveria dentro da bagagem, ora a esticar o cabelo já de si liso, ora na maquilhagem carregada no preto onde as pestanas eram tão falsas quanto o meu bronzeado facial. Não saberia o que reservaria na noite, tão estranha às minhas células como aquele ambiente temperado mediterrâneo, daí a ansiedade pela imagem projectada no espelho ser a mais perfeita possível. Os olhos cruzaram-se pelos doze de espanto. Os rostos estão excitados e as vozes agudas prontas para imergirem nos grandes portões pretos. A batida é violenta, as luzes cegam e a temperatura é elevada. Os corpos dançam de encontro ao ritmo. As vozes acompanham as melodias. Chega, por fim, o momento de o álcool toldar as acções. Tornamo-nos lentamente mais intuitivos, cada vez menos racionais. Eu não sou a excepção, ninguém o é. Os jogos de sedução iniciam-se. Primeiro, os olhares, os sorrisos, as palavras segredadas nos ouvidos, as gargalhadas e, por fim, a distancia entre os corpos diminui. Comigo não foi diferente. Colocas a mão na minha anca. Ignoro-a. Afastaste mas não desistes. Esperas pacientemente. Saberias, porventura, nem um minuto passaria sem que o meu olhar te encontrasse. Seduzo-te. Danço para os teus olhos, porém, é neles que vejo o colega de turma das piadas secas, o inteligente mascarado em burro, o rapaz com que tinha travado conversa até adormecer na noite anterior. Recuo. Na bebida castigo-me mas é tarde de mais. Agarras as minhas mãos. Relaxa, ordenas. Puxas-me pela cinta contra o teu abdomen. Beijas-me o cabelo, a orelha, o pescoço, enquanto, numa dança lenta perco o controlo sobre mim. Deslargas as mãos, rodo sobre mim na procura dos teus olhos. Riste, tão palerma quanto o és sem sensibilidade alguma. Entrelaças novamente as nossas mãos. Tens de te rir. Não posso fazer tudo sozinho. Insultei-o. Riu-se e prendeu-me nos seus braços. Dança comigo. Saberia que tudo não passaria de uma noite, para quê fazer uma cena mimada quando não era o que desejava? Sem protestos, deixei a minha cabeça tombar sobre o seu peito musculado.


recortes:

copodeleite às 23:30
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(27):
De julieta a 3 de Abril de 2012 às 22:49
oh obrigada. fico contente (:


De Raquel a 3 de Abril de 2012 às 22:43
Obrigada eu! :)


De adriana. a 3 de Abril de 2012 às 22:32
adorei *-*
sigo, dá uma vista de olhos no meu blog e dá a tua opinião se quiseres ;)
beijinhoo


De Raquel a 3 de Abril de 2012 às 22:31
adorei o blog, e este texto! :)


De julieta a 3 de Abril de 2012 às 21:41
sou, sim (: não, já tive mais uns quantos depois do café x)
a tua escrita mantém-se maravilhosa, ainda bem. vou voltar a seguir.


De agnes hope a 3 de Abril de 2012 às 20:02
às vezes são as coisas mais ridículas, que nos fazem felizes :)


De agnes hope a 3 de Abril de 2012 às 19:40
é, deveras, uma coisa muito gira para se fazer antes de morrer ahah :)


De ... a 3 de Abril de 2012 às 18:26
Nem tão pouco fiz intenção de ir :)
A forma como conduziste o texto foi o suficiente para projectar uma imagem na minha cabeça :)


De marlene cerm a 3 de Abril de 2012 às 16:58
Gostei de ler este texto, o modo como conduziste a história e as palavras utilizadas, tudo na perfeição. Tornas a criação duma imagem na nossa mente extremamente fácil. :)


De s. a 3 de Abril de 2012 às 16:29
é uma caracteristica boa. torna-te misteriosa :)


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